quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Carnavalha

Cambaleando em meio à multidão eu percebi seu rosto desfocado devido a minha embriaguez. Era de uma beleza nunca vista, mas precisei firmar os olhos para ter certeza do que estava vendo. Uma ninfa, sem dúvida alguma. Uma deusa vinda diretamente de um poema grego. Estava ali parada naquele beco, dançando como uma serpente subindo em uma macieira.

Seus lábios vermelhos eram a deliciosa maçã do pecado original. E eu como um bom Adão quis prová-la assim que a avistei. Confesso que não foi difícil: assim que nossos olhares se cruzaram, eu sabia como terminaríamos a noite. Pelo menos era o que pensava.

Em meio a confetes, serpentinas e foliões desavisados eu caminhei até ela, retirei meu isqueiro do bolso a acendi seu cigarro. Delicadamente ela se inclinou em frente à chama, deixando a luz amarelada revelar mais do que devia em seu decote. Neste momento, assim como uma medusa ela me paralisou com sua beleza. Eu faria qualquer coisa que ela quisesse, e assim aconteceu.