Da sacada de seu apartamento
Humberto tragava uma de suas promessas da ultima virada de ano. Assim como
jogos de azar, prostitutas e whisky, o cigarro também era um dos itens não
cumpridos de um extenso pacote de medidas para um ano melhor. Que obviamente
não vieram a acontecer. Mas de todas as promessas não cumpridas a que de fato
lhe amargurava era não ter alguém para dividir a passagem de ano mais uma vez.
Foi então quando os fogos
romperam no céu anunciando o primeiro segundo de um novo ano, sua campainha
tocou. Espantando ele foi vagarosamente equilibrando um cigarro na mão e um
copo de whisky na outra. Abriu a porta desajeitado e deparou com um verdadeiro
presente de ano novo.
Com um leve sorriso parado em sua
porta estava sua vizinha do andar de baixo. Seu susto foi enorme, no lugar do habitual
cabelo emaranhado preso com caneta, havia um lindo cabelo loiro cacheada. Sem
os seus óculos que usavam diariamente os olhos brilhavam como os de uma criança
esperando o natal. E o vestido branco, era o toque final para se fazer de uma
simples mulher uma obra de arte.
Sem acreditar muito no que estava
vendo Humberto perguntou:
— Boa noite! Você precisa de alguma coisa?
— Não! Eu não preciso de nada, sou apenas a
vizinha do andar de baixo e queria lhe desejar um feliz ano novo.
Humberto então sem hesitar
abraçou a garota desejando um feliz ano novo. E ao tocar seu corpo sentiu um perfume
divino e convidativo. Somente a soltou porque seria estranho ficar agarrado a
ela, mas era a sua verdadeira vontade naquele momento. Ela abriu um sorriso
dizendo.
— Olha, eu
esperava um amigo para jantar e ele não apareceu! Você não quer ir ao meu
apartamento só para jantarmos.
Humberto não
pensou apenas disse:
— Claro,
me deixa só vestir uma camisa.
Minutos
depois estavam os dois no apartamento de baixo dividindo uma garrafa de
Cabernet Sauvignon aos risos. Humberto então tomou a liberdade de perguntar
sobre a companhia que não viera.
— Desculpe
ser intrometido Silvia. Mas o amigo que devia estar aqui tomando este saboroso
vinho em sua companhia é um namorado?
Timidamente
olhando para a taça de vinho ela confessou.
— Não
tenho amigo nenhum! Eu fiz este jantar para nós dois.
Surpreso Humberto
continuou a conversa.
— Para
nós? Como assim?
— Ano
passado eu marquei um jantar com um rapaz que estávamos quase namorando, mas
ele me ligou encima da hora dizendo que não vinha. Eu fiquei chateada e estava
na sacada bebendo vinho, quando uma amiga me mandou uma foto dele pelo celular
em uma festa beijando outra mulher.
Humberto
ficou surpreso quanto a confissão e suava sem saber se de calor ou por nervoso.
Mas segurou a mão de Silvia que estava tremula e disse continue. Com as
bochechas rosadas Silvia continuou a historia.
— Então eu
subi no parapeito e decidi pular, mas a sua voz veio como um anjo para me
salvar. Foi quando ouvi você dizer do andar de cima que queria alguém para
passar a eternidade e que estava cansado de ficar sozinho.
Humberto
realmente havia dito isso durante sua ultima promessa de ano novo. E
estarrecido com a beleza e a historia da moça. Resolveu que era hora de beija-la.
Ao aproximar seu corpo mais próximo do de Silvia, ele não obteve resposta
alguma dos seus músculos. Foi então que notou o lindo rosto da garota um pouco
borrado. E repentinamente sem alguma explicação, seus olhos embarcaram em uma
escuridão absoluta. Ouvindo uma voz vacilante ao fundo.
— Não se
preocupe amor agora somos só eu e você. Como Romeu e Julieta.
E
finalmente Humberto e Silvia cumpriram sua promessa de Ano Novo.
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